domingo, 29 de julho de 2007

R@ry

os anjos
choram...
sangram nas rosas rubras de beleza de um arfar os
anjos desmaiam em sombras afiadas
tingindo os lençóis inanimados que cobrem a Morte
dormindo sonhando numa candura profunda o Amor os
olhos abandonados ao vento
brilhando luz e veias de pavor e sussurros
refrescando-se no teu rosto cratera que tudo cerca pulsando um
esperma secreto de um Pã demente numa penumbra árdua e
ardente torno-te transparente
e viva em golfadas de paisagens que crescem
que cortam a noite que se abre sobre a fenda azul que
são teus olhos destilo delírios de poemas nados-mortos
que nascem à rapidez dum esplendor crucificado no poema
incólume num esforço de estar vivo com um lento fôlego
escrevo o limbo de que fujo um movimento espalhado quebrado agachado
diante de ti e o falo da besta opulenta palpitando
numa delicadeza de clarão convidado
quando te percorre a escuridão admirável
dum esforço xamânico que nos envolve...
totem de Eros em torno do qual em braçadas soturnas
dançam os sátiros devorados por anjos cegos e
eles choram num banquete canibal num sopro glacial e límpido aodepararem-se com o espelho...
estão cegos pelas suas lágrimas
de sangue
os anjos choram...

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